ESCADA DE PEIXE, Tipos de Escada de Peixe.

 

INTRODUÇÃO

 

Aliada à gestão dos recursos hídricos, tem-se verificado a crescente construção de açudes ou barragens que alteram, por si só, as condições de escoamento natural dos cursos de água alterando inevitavelmente as características ecológicas deles, constituindo o impedimento mais comum à realização das diferentes fases do ciclo biológico dos peixes migradores.

A construção de passagens de peixes constitui a primeira medida para a manutenção dos “stocks” de peixes migradores sendo procedida de programas de manutenção e de gestão permanentes, por forma a assegurar a sua eficácia.

Há diversos tipos de dispositivos utilizados para facilitar a migração dos peixes, através de barragens ou obstáculos naturais. O nome genérico desses dispositivos é Sistema de Transposição de Peixe: STP.

Há basicamente os seguintes tipos de STP’s: escadas, elevadores, eclusas, híbridos e outros alternativos.

 

 

Objetivos

Objetivo geral:

·       Escada de peixe

Objetivos específicos:

·       Tipos de Escada de Peixe;

·       Vantagens e desvantagens da escada de peixe.

 

 


 

Mecanismos de Transposição para Peixes do tipo Escadas

De uma maneira geral, escadas são canais constituídos de uma série de tanques em desníveis, que conduzem água do reservatório gerado pelo barramento para o trecho de rio à jusante. Assim, hidraulicamente falando, escadas são estruturas dissipadoras de energia e biologicamente falando, escadas de peixes são estruturas especialmente construídas para auxiliar a migração de cardumes através de obstruções que bloqueiam seu caminho para regiões de desova ou outro tipo de migração (Kamula, 2001).

As principais partes que compõem uma escada de peixes são a entrada, o centro e a saída. A entrada, provavelmente, seja a mais importante delas, no que diz respeito ao desempenho dessas estruturas (Clay, 1995). A entrada corresponde ao local de entrada dos peixes e saída da água e sua importância está ligada ao fato de ser ela a responsável pela atratividade das espécies alvo.

Tipos de escada de peixe

Escadas tipo Denil

O tipo Denil é essencialmente um canal reto e retangular dotado de septos ou anteparos rentes ao fundo e às paredes, (Katopodis, 1992). Os anteparos ou septos podem ser fechados ou abertos na parte superior. Os espaços entre os septos são projetados de forma a criar turbulência e assim dissipar energia, gerando velocidades possíveis para a transposição. O padrão de circulação da água para esse tipo de escada. A vazão que passa por esta escada pode ser determinada pela equação:



Ao tornar adimensional a vazão, em função da profundidade relativa Y/b (profundidade da linha d’água e abertura do septo, respectivamente), Rajaratnam e Katopodis (1984) propuseram a relação representada pela equação:







Escadas tipo Piscina Vertedouro

Este é o tipo de escada mais amplamente usada (Larinier, 2002). É adequada para peixes com alta capacidade natatória e peixes capazes de saltar, como o salmão, por exemplo (Nakamura, 1995).

Neste tipo de estrutura, vertedouros submersos formam piscinas a distâncias padronizadas os vertedouros podem assumir diversas formas, como retangulares, em V ou semicirculares (Larinier, 2002). As paredes que formam os vertedouros podem possuir ou não orifício. Os orifícios também podem ter vários formatos e posições, podem ainda estar em apenas em um dos lados ou alternarem lado direito e lado esquerdo simultaneamente.

Em uma escada do tipo Piscina Vertedouro o escoamento pode se dar de duas formas: sobre vertedouros livres ou sobre vertedouros submersos, dependendo da altura da lâmina de água, para uma dada declividade e um comprimento de tanque L (Katopodis, 1992).

Vazão de escoamento sobre vertedouro para o ivre e o submerso.

                              


 



 

Escadas tipo Canal Natural

Esse tipo de escada simula um curso de água natural que liga a seção de jusante e montante do barramento ou obstáculo. A velocidade no canal é pequena e a dissipação de energia ocorre pela rugosidade do fundo e por uma série de obstáculos colocados ao logo do canal de forma a promover a dissipação.

Como a declividade desse tipo de estrutura deve ser muito pequena, torna-se difícil o posicionamento da entrada próximo à obstrução, o que seria a condição ideal (Larinier, 2002).

Escadas desse tipo podem ter obstruções colocadas em espaçamentos regulares, em forma de pequenos vertedouros.

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Escadas tipo Ranhura Vertical

A estrutura de passagem do tipo ranhura vertical (ou slot vertical) consiste em um canal retangular dotado de septos e ranhuras. Escadas do tipo ranhura vertical simples são formadas por dois septos e uma ranhura. Escadas do tipo ranhura vertical dupla são formadas por três septos e duas ranhuras.

A água desce por esse canal através das ranhuras, de uma piscina a outra. Na passagem pelos septos o escoamento forma um jato, que terá parte de sua energia dissipada pela movimentação na piscina (ou tanque). ∆h é a diferença de nível de água entre duas piscinas adjacentes e está relacionado à dissipação de energia característica do canal, para uma determinada vazão. Como valores mais altos de ∆h implicam em velocidades maiores no canal, a escada é projetada com certo valor de ∆h em função da espécie alvo, ou seja, do tipo de peixe que irá passar por ela. Quanto menor o valor de ∆h, mais fácil será, para o animal, a transposição (Larinier, 2002). Entretanto, menores valores de ∆h e, por conseguinte, menores velocidades, exigem estruturas maiores para vencer o mesmo desnível.

Fórmula para o cálculo da vazão admissível:





Escada do tipo Elevador

A água é turbilhonada, em um canal, para atrair os peixes, uma porta de tela fechada o canal e os peixes acabam entrando em uma grande câmara com água.

A câmara é o elevador, ela sobe e se abre quando já está no nível certo.

Vantagens da escada de peixe

·       Com a construção de um STP ou uma escada de peixe saberemos as espécies de peixe que vivem ou migram na nossa barragem ou açude;

·       Facilidade de fazer estudos sobre as espécies migratórias envolvidas, nomeadamente sua dinâmica, fisiologia e comportamento;

·       Há variedade de espécies de peixe a jusante, o que não aconteceria se não houvesse um STP.

Desvantagens da escada de peixe

·       Não haverá variedade de espécies de peixe a jusante;

·       Dificuldade no estudo das espécies abundantes na região;

 

 

Considerações finais

Os Sistemas de Transposição para Peixes são medidas consolidadas em todo o mundo, para mitigar o impacto causado por uma barragem ou açude, que representa uma barreira física para as espécies aquáticas, constituindo um fator de isolamento das populações antes em contato. Diversos autores como CLAY, 1995, KATAPODIS, 1992, e LARINIER, 2000, realizaram estudos sobre o design e as condições hidráulicas ideais para que se obtenha a máxima eficácia dos Sistemas de Transposição de Peixe que é uma alternativa para esse problema que barramento, onde existem diversos tipos de STP, no meu trabalho falei apenas de 5 tipos de STP que achei mais relevante e o seu dimensionamento, tendo colocada algumas vantagens e desvantagens da implementação.

 


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agostinho, A. A. (1994). Pesquisas, Monitoramento e Manejo da Fauna Aquática em Empreendimentos Hidrelétricos. Em: Seminário Sobre Fauna Aquática E O

Setor Elétrico Brasileiro. Reuniões Temáticas Preparatórias. Caderno 1 Fundamentos. COMASE – Comitê Coordenador das Atividades de Meio

Ambiente do Setor Elétrico, Rio de Janeiro, Eletrobrás, 61 p.

Almeida, D. A. A. de. (2006). Avaliação da Eficiência do Sistema para Transposição de Peixes da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães – TO. Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente. Palmas. Fundação Universidade Federal do Tocantins. 82 p.

Bochechas, J., Santo, M. (2009). As Passagens para Peixes em Portugal. Lisboa. Direção Geral dos Recursos Florestais. 69 p.

Martins, S. L. (2000). Sistemas para Transposição de Peixes. Dissertação de Mestrado em Engenharia. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. USP. 170 p.

Santo, M. (2005). Dispositivos de Passagem para Peixes em Portugal. Lisboa.

Direcção-Geral dos Recursos Florestais. 140 p.

 

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